terça-feira, 29 de junho de 2010

Canção da Noite (Lá- Ré+)

Prédios e luzes acesas
Por trás dos prédios, mil estrelas
E uma única certeza
Que estamos entre elas

Imagens na televisão
Em nós, tanta imperfeição
Só me diga sim ou não
Se houver lugar no coração

O Mundo é tão pequeno
Já provei do seu veneno

Hoje já sei quem sou
De onde vim e para onde vou


Juliano Dornelles

domingo, 27 de junho de 2010

Encontro da terra

Como Bugre reflito
Sigo o caminho
Vencendo o conflito

Sem mais delito
Mesmo sozinho
Toco o apito

Como um índio Xamã
Caboclo ou Pajé
Tupanciretã
Sei quem ele é

Negrinho do Pastoreio
Achou quem tava perdido
De longe ele veio
Bem decidido

E disse pro Preto
'Sai do meu lado'
'Não te quero por perto'

Que resposndeu
'Tudo errado'
E depois 'tudo certo'

Tentou transformar
Mas não conseguiu
Caboclo assoviou
E o Pajé sorriu

Negrinho continuou
E disse denovo
E ainda explicou
Para todo o povo

'Não creio em Exú
Egum ou Zumbi'

'Nem Preta, nem Gira
Existem aqui'

Chamou Touro-sentado
Que trouxe do lado
Sepé Tiarajú

Que com arco e flecha
Quebrou uma rocha
E matou o urubú

Me pediu o cachimbo
E um gole do amargo
Saiu sorrindo
Com o Saci assustado

Clamou à mãe terra
O ar e as estrelas
E a luz na caverna
Surgiu para as feras

Disse meu nome
Bem claro, bem alto
E disse 'não some'
'Nem foge do asfalto'

Marcou o retorno
Me disse a data
Me deu um adorno
E uma lança de prata

Até hoje espero
Com punho de ferro
Não sei se acerto
Mas sei quando erro

Com chá de folhagem
E sinal de fumaça
Venci a estiagem
Virei a cachaça

Um dia descubro
A origem de tudo
O fim e o começo
Do meu sangue rubro

O tambor me espera
Na Paz ou na Guerra
De dia e de noite
Sou fruto da terra


Juliano Dornelles